FUNDAÇÃO MALCOLM LOWRY

FUNDAÇÃO MALCOLM LOWRY

Este blogue foi criado com o intuito de unir a comunidade lowryana de todo o mundo, a fim de trocar ideias e informação sobre o autor, promover a organização de conferências, colóquios e outras actividades relacionadas com a promoção da sua obra. Este é o primeiro sítio trilingue feito no México sobre o tema. Cuernavaca, México.


Malcolm Lowry Foundation


This blog was created to comunicate all lowry scholars, fans and enthusiastics from around the world in order to promote the interchange of materials and information about the writer as well as organize events such as lectures, colloquiums and other activities related to the work of the author. Cuernavaca, Mexico.


FONDATION MALCOLM LOWRY

Ce blog a été crée dans le but de rapprocher la communauté lowryenne du monde entier afin de pouvoir échanger des idées et des informations sur l'auteur ainsi que promouvoir et organiser des conférences, colloques et autres activités en relation avec son oeuvre. Cuernavaca, Morelos, Mexique.


martes, 17 de mayo de 2011

Artículo de Manuel Poppe

Sobre Malcolm Lowry (1909-1957)


1. Julien Gracq, escritor francês cujo destino se cumpriu honestamente -à margem da bolsa das vaidades- denunciou a doença da literatura: “nivelamento por baixo, subserviência progressiva do espírito, desorientação do público, que identifica o autor-vedeta com as marcas comerciais. O mediático inventa e impõe o zero cultural”. Assim é: transformada em “produto” a obra literária vale o dinheiro que rende. Os críticos transmudaram-se em fiéis de armazém. Acabaram os escritores, triunfam os escribas. É a época do mercado e da aparência. Quando a editora Relógio de Água publica Lowry, alegram-se os que não ignoram tratar-se de um autor extraordinário e ser “Debaixo do Vulcão” uma obra-prima. Festeja-se um acto de coragem: livros desses não cabem no comercio reinante: o da pseudo-arte.


2. Clarence Malcolm Lowry nasceu em 1909 (New Brighton, Liverpool) e morreu em 1957, em Ripe, na costa sul de Inglaterra, vítima de um cocktail de whisky e sedativos, na véspera de fazer 48 anos. Um alcoólico, desde a adolescência (desde os 14 anos, nota Gordon Bowker, na biografia, “Pursued by the furies”, St. Martins Press, N-Y, 1997). A primeira mulher, Janine van der Heim (jovem aprendiz de escritora de 22 anos, que assinava Jan Gabrial) descreve-o tal qual o conheceu em Granada (1933): “uma estranha mistura de idealismo e bicho da terra”. O sonho e o insaciável amor às coisas deste mundo e o desejo de as possuir e compreender levá-lo-iam à paixão e ao desastre –a um destino de nómada: todos os lugares lhe foram passageiros. Cedo saiu de casa dos seus pais. Viajou, obstinada e inevitavelmente. A China, o México, Nova-Iorque, o Canadá representaram etapas indispensáveis à feitura de um dos mais ricos, profundos, trágicos, poéticos romances do século XX. O seu alcoolismo visionário, a insatisfação, a inconsciência (inocência?), a busca desesperada do sentido da vida tornaram-no insuportável. Jan aguentou quatro anos. A segunda mulher, Margerie Bonner, ex-actriz divorciada e mais velha do que ele, conseguiu acompanhá-lo de 1939 até à morte. A que preço? Lowry conheceu a prisão, a deportação, os hospitais, a miséria. Não era um amante fácil.


3. Deixou escassa bibliografia. A sua obra será, talvez, uma só: “Debaixo do Vulcão”, escrito e rescrito quatro vezes, pago com suor e ressacas, fabulosa epopeia d’alma, condenada ao silêncio. Não se trata da autobiografia de um bêbedo; representa, genialmente, o grito do Homem, que interpela os deuses emboscados.


4. Geoffrey Firmin -o Cônsul de “Debaixo do Vulcão”-, numa das passagens dolorosas e intensas, reconhece que “ele próprio está no Inferno”; que o Inferno está dentro dele e o possui. Em casa de Laruelle (ex-amante da sua mulher), entre os desenhos de Orozco, pintor do patético e do trágico”, e as telas violentas de Diego Rivera, evocativas da gorada epopeia revolucionária mexicana, pressente, além do fio da navalha, “o instante de Deus”: o momento em que o perdão salvará o mundo. Mas é demasiado tarde. Perdoar a quem? A Yvonne (“o meu perdão nunca será suficientemente profundo”)? À absurdeza da vida? Ao consentimento de Deus, que não impede ao demónio desvairar os homens? Coração ferido não tem perdão, e ele irá continuar a procurar, na tequilla e no mescal, a fuga –ou a lucidez reveladora. “De que serve fugirmos de nós próprios?” E, sozinho, sofre o delírio do mundo. E cita Baudelaire: “Os deuses existem: são o diabo”. Pesa-lhe “a obscura região morta” e busca a saída, no calvário redentor.


5. Lowry fala de Hitler, da Guerra de Espanha, do drama mexicano, de Orozco e Rivera, artistas que denunciam o escândalo social. Fala de Yvonne. “Debaixo do Vulcão” é o romance do amor traído? Sim, mas dum amor total: à vida, ao universo indecifrável e arrebatador. Yvonne foi o mensageiro que falhou. O que aguilhoa e sangra o Cônsul é a traição de todos a tudo e de cada um a si próprio. Haverá, ainda, nesse martirizado, alguma esperança? Do fundo do poço, o Cônsul clama: “luto pela sobrevivência da sensibilidade humana”. No seu livro, reencontramos Dostoievski: a complexidade e a religiosidade torturada. Geoffrey Firmin aponta iniquidades, perversidades e monstruosidades sociais –e a misteriosa (muda) harmonia do infinito. Nenhuma contradição: o sentido religioso é o sentido da justiça social.


6. “Meu Deus!, se a nossa civilização saísse da bebedeira e, durante dois dias, abrisse olhos, ao terceiro morria de remorsos”, diz Hugh, irmão de Geoffrey e outro alter-ego de Lowry. O Cônsul, a viver as suas últimas doze horas, pensava o mesmo. O alucinado (o nigromante), o decadente (o imaculado) tinha os pés bem assentes na terra, onde lia sinais de um mítico Éden e lhe acontecia partilhar o quotidiano prostituído. A alma ardia-lhe. Lowry escolheu o limite do risco. Mas, se tudo aponta para o suicídio, a verdade é que as razões da sua morte permanecem obscuras. Margerie Bonner, última companheira, disse tratar-se de um descuido. Essa versão oficiosa não convenceu ninguém.


Manuel Poppe
Publicado na Página de Cultura de Jornal de Notícias, de 10 e 17 de Feveriero de 2008






Acerca de Malcolm Lowry (1909-1957)

1. Julien Gracq, escritor francés cuyo destino se cumplió honestamente —más allá de la bolsa de las vanidades— denunció las dolencias de la literatura: “nivelación a la baja, espíritu de sumisión progresiva, desorientación de la opinión pública que identifica al autor vedet con las marcas comerciales. Los medios de comunicación inventan o imponen la cultura cero”. Así se transforma en “producto” la obra literaria que vale el dinero que gana. Los críticos se transforman en fieles de las grandes tiendas. Desaparecen los escritores y los escribanos triunfan. Es el tiempo del mercado y la apariencia. Cuando la editorial Relógio de Água publica a Lowry, se regocijan los que no ignoran que se trata de un autor extraordinario y que “Bajo el volcán” es una obra maestra. Se celebra así un acto de valentía: libros como ese no caben en el comercio imperante o de pseudo-arte.

2. Clarence Malcolm Lowry nació en 1909 (New Brighton, Liverpool) y murió en 1957 en Ripe, en la costa sur de Inglaterra, víctima de un cocktail de whisky y sedantes, poco antes de cumplir 48 años. Un alcohólico desde su adolescencia (desde los 14 años, hace notar Gordon Bowker en la biografía “Pursued by the furies”, St. Martins Press, N-Y, 1997). Su primera esposa, Janine van der Heim (joven aprendiz de escritora que firmaba Jan Gabrial) lo describe tal cual lo conoció en Granada (1933): “una extraña mezcla de idealismo y de animal de tierra”. Los sueños, el insaciable amor a las cosas de este mundo y el deseo de poseerlas y comprenderlas lo llevarían a la pasión y al desastre, a un destino de nómada: todos los lugares le serán pasajeros. Pronto salió de casa de sus padres. Viajó, obstinada e inevitablemente. China, México, Nueva York, Canadá representarán etapas indispensables para la realización de uno de los más ricos, profundos, trágicos y poéticos romances del siglo XX. Su alcoholismo visionario, su insatisfacción, su inconsciencia (¿inocencia?), se volverán insoportables. Jan aguantó cuatro años. Su segunda esposa, Margerie Bonner, ex actriz divorciada y mayor que él, consiguió acompañarlo hasta su muerte en 1939. ¿A qué precio? Lowry sabía de la cárcel, la deportación, los hospitales, la pobreza. No era un amante fácil.

3. Dejó escasa bibliografía. Su obra será, tal vez, una sola: “Bajo el volcán”, escrito y reescrito cuatro veces, pagado con sudor y resacas, fabulosa epopeya del alma, condenada al silencio. No se trata de la autobiografía de un borracho, representa, genialmente, el grito del hombre que interpela a los dioses emboscados.

4. Geoffrey Firmin —el Cónsul de “Bajo el volcán” — en uno de los pasajes dolorosos e intensos, reconoce que “está en el infierno” y que el infierno está dentro de él. En casa de Laruelle —ex amante de su esposa— entre los cuadros de Orozco, pintor de lo patético y lo trágico, y las pinturas de Diego Rivera que recuerda la frustrada epopeya de la Revolución Mexicana, se hace presente, en el filo de la navaja, “el momento de Dios”, el instante en el que el perdón podrá salvar al mundo. Pero es demasiado tarde y ¿a quién hay que perdonar? ¿A Yvonne (“mi perdón nunca será suficientemente profundo”) ¿A las desatinos de la vida? ¿Al consentimiento de Dios que no impide al demonio hacer desvariar a los hombres? El corazón herido no tiene perdón y él seguirá buscando, en el mezcal o el tequila, la evasión o la lucidez reveladora. “¿De qué sirve huir de nosotros mismos?” Sufre el delirio del mundo y cita a Baudelaire: “Los dioses existen, son el demonio”. Le pesa la “oscura región muerta” y busca la salida en el calvario redentor.

5. Lowry habla de Hitler, de la guerra de España, del drama mexicano, de Orozco y Rivera, artistas que denuncian el escándalo social. Habla de Yvonne. ¿“Bajo el volcán” es un romance sobre la traición del amor? Sí, pero de un amor total a la vida, al universo indescifrable y asombroso. Yvonne fue un mensajero que falló. Lo que aguijona al Cónsul es la traición de todos a todo y de cada uno a sí mismo. ¿Habrá, todavía, en este suplicio, alguna esperanza? En el fondo del pozo, el Cónsul clama: “Duelo por la sobrevivencia de la sensibilidad humana”. En su libro reencontramos a Dostoievsky: la complejidad y la religiosidad torturada. Geoffrey Firmin apunta inequidades, perversidades y monstruosidades sociales, dentro de una misteriosa (muda) armonía del infinito. Ninguna contradicción: el sentido religioso y el sentido de justicia social.

6. “Dios mío, si nuestra civilización saliera de la embriaguez y, durante dos días, abriese los ojos, al tercero moriría de remordimientos” dice Hugh, hermano de Geoffrey y otro alter ego de Lowry. El Cónsul, viviendo sus doce últimas horas, pensaba lo mismo. El loco (el mago), el decadente (el alucinado) tenía los pies bien firmes en la tierra donde lee los signos de un mítico Edén y le parecía compartir lo cotidiano prostituido. Le ardía el alma. Lowry optó por el límite del riesgo. Pero, a pesar de que todo apunta hacia el suicidio, la verdad es que las razones de su muerte permanecen oscuras. Margerie Bonner, su última compañera, dice que se trata de un descuido. Esa versión oficiosa no convence a nadie.

Manuel Poppe
Publicado en el suplemento cultura de Jornal de Notícias, en Febrero de 2008
Traducción de Félix García

viernes, 13 de mayo de 2011

Archivo Lowry



Como piezas de un rompecabezas, los materiales incluidos en el “Archivo Lowry” de Raúl Ortiz y Ortiz (el cuento que Malcolm Lowry escribió en México en 1936, primer antecedente de “Bajo el volcán”; la carta en la que refiere sus infortunios con las autoridades mexicanas en 1946; correspondencia inédita entre Margerie Lowry y Ortiz y Ortiz, entrevistas, bibliohemerografía de y sobre Lowry, manuscrito inéditos, fotografías, etc.) permiten al lector recrear la gestación del traslado al idioma español y el lanzamiento de la obra maestra del escritor británico en México, en una época —principios de los años 60— en la que era prácticamente desconocida entre los lectores de habla hispana y en la que, gracias a la infatigable labor de Ortiz y Ortiz, su fama se consolida y llega a un público cada vez mayor. Aun en nuestros días, cuando hay una infinidad de publicaciones en torno a Lowry, las piezas que Ortiz y Ortiz ha reunido devotamente desde que, en la década de los 50, llegara a sus manos por primera vez el libro que habría de marcarlo de por vida, y de las que ahora generosamente —en el marco de su aniversario número 80 (2 de mayo de 1931) y a casi cincuenta años de la publicación en México de su traducción de “Bajo el volcán” (Era, 1964)— nos ofrece una significativa muestra, arrojan una luz reveladora sobre diversos aspectos de la vida y la obra de Malcolm Lowry que habían permanecido ignorados hasta ahora. En un acto magnánimo y solidario, quien merece ser homenajeado, incrementa con este archivo su ya de por sí vasto legado y rinde con él “un homenaje a cuantos lowryanos, fieles a la figura del escritor, han procurado mantener viva su imagen y continúan esperando que llegue el día en que la humanidad se comporte según las dos advertencias del autor: “¿Le gusta este jardín que es suyo? ¡Evite que sus hijos lo destruyan!” y “No se puede vivir sin amar””.

Ángel Cuevas


ARQUIVO LOWRY

Como peças de um quebra-cabeças, os materiais incluídos em “Arquivo Lowry”, de Raúl Ortiz y Ortiz (o conto que Malcolm Lowry escreveu no México em 1936, primeiro antecedente de “Debaixo do Vulcão”; a carta em que refere os seus infortúnios com as autoridades mexicanas, em 1946; correspondência inédita entre Margerie Lowry e Ortiz y Ortiz; entrevistas; biblio-hemerografia de e sobre Lowry; manuscritos inéditos; fotografias; etc.) permitem ao leitor recrear o início da transposição para espanhol e o lançamento da obra-prima do escritor britânico no México numa época – princípio dos anos 60 – em que era praticamente desconhecido dos leitores de fala hispânica e na qual, graças labor infatigável de Raul Ortiz y Ortiz, a sua fama se consolida e chega a um público cada vez mais vasto.

Ainda hoje, quando existe uma infinidade de publicações sobre Lowry, as peças que Raúl Ortiz y Ortiz reuniu de forma devota desde que, na década de 50, lhe chegou às mãos pela primeira vez o livro que o haveria de marcar para sempre, e das quais generosamente – por ocasião do seu 80º aniversário (2 de Maio de 1931) e a quase cinquenta anos de distância da sua tradução de “Debaixo do Vulcão” (Era, 1964) – nos oferece agora uma significativa amostra, projectam uma luz reveladora sobre diversos aspectos da vida e da obra de Malcolm Lowry que haviam permanecido desconhecidos até agora.

Num gesto magnânime e solidário, que merece ser homenageado, aumenta, com esta documentação, o seu já vasto legado e presta com ele “uma homenagem aos todos os lowryanos que, fiéis à figura do escritor, procuraram manter viva a sua imagem e que continuam a esperar o dia em que a Humanidade se comporte de acordo com as advertências do autor: «¿Le gusta este jardín que es suyo? ¡Evite que sus hijos lo destruyan!» e «No se puede vivir sin amar»”.

Ángel Cuevas

Raúl Ortiz presenta libro y celebra sus 80 años

Raúl Ortiz presentó en La Casona Spencer de Cuernavaca el "Archivo Lowry" que el Instituto de Cultura del Estado de Morelos acaba de publicar con material inédito que incluye la correspondencia entre Raúl y Margerie Bonner, el cuento "Bajo el volcán" que sería la semilla de la novela y otros materiales que incluyen fotografías de diversas épocas desde que Malcolm y Jan estuvieron por primera vez en lo que luego sería la Quauhnáhuac de la novela.
Acompañaron a Raúl en la presentación: Carlos Miranda, editor; Aida Espinosa, traductora de "Pursued by the Furies" de Gordon Bowker que el Fondo de Cultura Económica acaba de publicar para el mundo de habla hispana; Martha Ketchum, directora del Instituto de Cultura de Morelos; Óscar Menéndez, realizador del documental "Malcolm Lowry en México" y quien sugirió que el ayuntamiento debería poner el nombre de Malcolm a una plaza y en el Jardín Borda a uno de los patios o una sala, y Ángel Cuevas editor del Instituto de Cultura de Morelos y el más ferviente impulsor de este trabajo.
El evento terminó con la celebración de los 80 venturosos años de Raúl.
Enhorabuena



















Las fotografías son de Dany Hurpin



RAÚL ORTIZ APRESENTA LIVRO E COMEMORA OS SEUS 80 ANOS

Raúl Ortiz y Ortiz apresentou na Casona Spencer de Cuernavaca o livro “Arquivo Lowry”, acabada de editar pelo Instituto de Cultura do Estado de Morelos. Trata-se de uma obra com material inédito, que inclui a correspondência entre Raúl e Margerie Bonner, segunda mulher de Malcolm Lowry, o conto “Debaixo do Vulcão”, que seria a semente do romance, e outros materiais, como fotografias de diversas épocas desde que Malcolm e Jan estiveram pela primeira vez na que seria a Quauhnáhuac do livro.

Juntamente com Raul, estiveram presentes Carlos Miranda, editor; Aida Espinosa, tradutora de “Pursued by the Furies”, de Gordon Bowker, que o Fondo de Cultura Económica publicou para o mundo hispânico; Martha Ketchum, directora do Instituto de Cultura de Morelos; Óscar Menéndez, realizador do documentário "Malcolm Lowry en México", e que sugeriu ao município a atribuição do nome de Malcolm Lowry a uma praça e a um dos pátios ou a uma sala do Jardim Borda; e Ángel Cuevas, editor do Instituto de Cultura de Morelos e o mais fervoroso impulsionador deste trabalho.

O evento terminou com a comemoração dos 80 afortunados anos de Raúl.

Em boa hora!

martes, 10 de mayo de 2011

2a parte entrevista a Raúl Ortiz

-Nos quedamos en Rosario Castellanos, me dijiste que era tu amiga que tuviste muy buena relación con ella, qué nos puedes decir sobre Rosario, ¿cómo era? ¿cómo la conociste?

-¿No importa que esto no tenga nada que ver con El Volcán verdad?

-Pues, no.

-Bueno la conocía en la universidad en 1981 cuando los dos fuimos invitados a colaborar con el Dr. Chávez y yo pronto me hice amigo de ella porque formaba parte de un grupo de funcionarios de la universidad que nos reuníamos con el secretario general todos los días a tomar una taza de café de las doce treinta al cuarto para la una, hablábamos de cine, de literatura, de política, de cualquier cosa que no fuera la universidad, ni siquiera se podía mencionar la palabra universidad porque quien incurriera en alguna de estas prohibiciones tenía que pagar una multa de diez pesos, y luego al cabo de algunas semanas nos íbamos a comer los mismos que asistíamos a estas reuniones a un restaurante, pagábamos las multas los que debíamos y luego se pagaba la cuenta entre todos los asistentes. Rosario era una mujer de una inteligencia verdaderamente incomparable, yo conocía gente muy famosa y gente que tiene la reputación de ser una inteligencia ágil, penetrante, amplía, pero nadie como Rosario Castellanos, era una mujer que toda su vida padeció del rechazo, ella que necesitaba tanto amor y que daba tanto amor, desde que la madre y el padre regresaron del sepelio de su hermano menor le dijeron lo que había de marcar su vida “¡cómo no te moriste tú en vez de tu hermano que era el varoncito!” durante todos los años de su infancia y de su adolescencia vivió desprovista de amor, luego se enamoraba de gente que no le correspondía sino para sacar raja, y ufanarse como novio, amigo de Rosario Castellanos…

-Rosario es la escritora más importante del siglo XX por todo lo que escribió como ensayista, como autora teatral, como novelista, como cuentista, con ensayos de toda índole, de política…, se acaba de publicar en el Conaculta una edición en tres tomos de todos los ensayos de Rosario, es la contribución más importante de los últimos años, como poeta es extraordinariamente emotiva, con una gran sencillez, con un dominio del lenguaje, completamente, llano, musical…, poseía profundamente triste, sobre todo la última parte de su poesía que escribió de 1970-74 que fue cuando murió y toda está recopilada en “Poesía no eres tú”, ahora, sólo pudo escribir una obra graciosísima de teatro que es “el eterno femenino” y se representó pero después de la muerte de Rosario, para mí ella tiene una característica que no tiene ni una feminista ni una autora indigenista, lo que mueve su filosofía, lo que defiende ella es al débil y se subleva contra la injusticia y los dos polos más afectados de la injusticia en muchas parte del mundo pero carcterísticamente aquí en México son los indígenas y las mujeres, pero sin haber tenido un adiestramiento mundano para ser diplomática, al año de estar en Israel dominaba ya todos los rituales diplomáticos, se dice que los mejores informes que recibía la Secretaría de Relaciones Exteriores eran los informes mensuales que ella mandaba sobre la situación en Israel y eso todavía no se ha publicado, pero existen y creo que fueron facilitados a los investigadores para tomar nota de lo que fue su actividad de manera muy extraña, yo te aseguro que los únicos años que fue feliz fueron los tres años que se pasó en Israel.

-¿Y que te platicaba sobre su poesía? ¿Cómo la escribía, dónde lo hacía, cómo se inspiraba?

-Lo único que te puedo decir es que cuando decidió divorciarse, fue durante el fin de año de 1969 a 70 cuando hizo un viaje a Israel y a Europa y al tomar la decisión fue tanto el sufrimiento que ella tuvo en ese viaje, que escribió la última parte de su poesía, una poesía que había naturalmente en ella, es una poesía muy personal y sobre todo una poesía muy emotiva que refleja la desolación de una mujer sin cariño, a mí se me criticó mucho por haber cumplido una orden que ella me dio, me dijo que si alguna vez le pasaba algo que quería que a toda costa se publicaran las cartas que le escribió al que fue su marido… y es una correspondencia en donde ella muestra su debilidad, su necesidad de amor, da la imagen de ser una rogona…

-Y tú lo publicaste…

-Bueno ella me dijo que había que publicarla…

-¿Y cómo lo publicaste…? ¿o sea, en qué editorial o cómo?

-En Conaculta, pero ahorita yo creo que ya se ha publicado todo lo que ella escribió.

-El marido te odió seguramente…

-Sí, es el ser, fue el ser más despreciable, uno de los seres más despreciables que me haya sido dado a conocer.

-¡Qué cosas! Oye Raúl y, cambiando de tema, ¿conociste a Juan Rulfo…?

-No lo conocí, lo vi varias veces, pero era un hombre excesivamente tímido, muy hermético, muy inseguro, no le gustaba, emprender lazos de amistad con la gente y generalmente rehuía hablar de sí mismo era todo lo más opuesto a un hombre como Arreola, que era…

-Sí, muy extrovertido ¿verdad?

-Completamente extrovertido,

-¿Y a él, qué tal? ¿cómo lo conociste?

-A él lo conocí desde la época en que hacíamos una compañía de teatro que se formó en la universidad…

-¿Eran profesores los dos en la UNAM?

-No, en aquella época no daba clases sino que actuaba y dirigía, era un hombre teatral completamente, era un hombre muy chistoso… yo lo invité a Londres y fue uno de los viajes que más pudo disfrutar en su vida, fue un hombre que no había estado nunca en Inglaterra, fuimos en el año del 90, él viajaba siempre con alguno de sus hijos porque sufría un tipo de neurosis que le angustiaba estar sólo o en un lado desconocido

-Pero no se angustió en Londres

-No, no, no, sobre todo porque yo lo puse en contacto con mucha gente, y lo paseé por muchos lados, aunque la fraternidad que sentía en Europa más cerca a su manera de ser de la confianza que no conocía el inglés pero conocía muy bien el francés y cierto tipo de poesía francesa, la más selecta, nunca tuvo un acento impecable pero hablaba muy bien…

-¿Conociste a Traven?

-No nunca. Conocía muy bien a Ionesco, lo traté mucho, lo llevé a la universidad a dar una serie de conferencias, conocía Graham Green…

-¿Ah y qué te decía Green?

-Era un hombre de lo más directo, no se andaba con rodeos de ninguna manera.

-¿Oye y Green te habló algo sobre Lowry?

-Sí, lo respetaba mucho como escritor, lo conocía, lo admiraba primero por el grupo de W.H. Auden y… pero es extraño, Lowry no es lo suficientemente apreciado en Inglaterra, aunque tú sabes que en Estados Unidos El Volcán es una de las obras que los jóvenes tienen que leer en las universidades,

-Oye Raúl ¿y que nos dices esa foto que tienes con María Felix?

-Sí, estábamos en la casa del que era secretario de gobernación, Mario Moya Palencia, en Cuernavaca,

-Y que te decía “La Doña”

-Sí, en esa foto, verás que está enseñando el puño… me pidió que le dijera que quería decir una palabra que algún admirador le había incluido en una carta que traía ella ahí en el bolsillo y la palabra era montgolfier y le dije montgolfier es muy fácil María, se trata de los globos cautivos que inventaron los hermanos Montgolfier justo antes de la Revolución Francesa y entonces me dijo: “¡estás inventando tarugadas! ¡Tú no sabes absolutamente nada!”, y yo le dije efectivamente no sé absolutamente nada, aunque no veo por qué tú me preguntas lo que equivale a un producto contemporáneo a tu nacimiento que fueron los globos de Cantoya y entonces ahí fue donde… y no se volvió a meter conmigo…

(risas)

-Así que tú tampoco te andabas con cosas ¿verdad?

-De ninguna manera, de ninguna manera, yo no me dejo de ningún… de nadie…

-Pero conservaste la foto

-Me la dio un fotógrafo que estaba fumando ahí, entonces…, aquella comida fue muy memorable porque uno de los invitados era el “obispón rojo” Don Sergio Méndez Arceo, que fue el obispo de izquierda más violento en la época del evangelio de la liberación… así le puso una de las mujeres más ingeniosas pero más cáusticas, una gran poetisa autora de sonetos perfectos que se llamó Margarita Michelena. Margarita era una mujer de ideología completamente de derecha y le puso el “obispón rojo”

-¿Y cómo es que un abogado se convirtió en literato?

-Yo no soy un literato ni soy un abogado, soy titulo sin abogado, porque estudié mi carrera y la terminé con muy buenos promedios, fui brillante alumno de la Facultad de Derecho y en cuanto terminé mi tesis y mi examen profesional guardé la mención honorífica y el título en una caja fuerte y ahí está, después de eso me fui a vivir a Francia con una beca y luego regresé y trabajé en la universidad donde nació el gran cariño y la gran amistad entre Rosario y yo, me ufano de haber sido el mejor amigo de Rosario y así me lo dice ella en su última carta, pero cuando llegas a determinada edad Alberto, todo se vuelve recuerdos y te sientes que está lloviendo, tienes los pasos en la azotea y dices cuándo acabará esto, porque mucha de la gente a quienes has querido, o están muy enfermas o ya están en otra dimensión, ahorita como te darás cuenta estoy viviendo el duelo de dos criaturas que fueron compañeras mías durante muchos años y a pesar de estar enfermo con una enfermedad seria, incurable, tengo que seguir trabajando si quiero seguir viviendo como lo he hecho siempre, hasta ahorita no he tenido que deber dinero a nadie y el día que no tenga pues malbarataré mis colecciones de discos y de libros… yo quisiera que alguien me los comprara para que quedara junto el testimonio más importante, que a mí me interesa aunque a la demás gente no, porque esto soy yo, y el día menos pensado puede estar desperdigado en las banquetas de la lagunilla y cosas así por el estilo.

-Pues sería fabuloso Raúl, pero imagínate, ¡es una fortuna…!

-Es una fortuna haber vivido tantos años y poder conocer y demostrar… no, de demostrar no, pero de haber tenido la oportunidad de conseguir lo que nunca hubiera sospechado que pudiera conseguir, mira cuando tenía 17 años y ahorita lo estaba pensando, llegó a mis manos un programa del festival de Bayreuth en Alemania cuando se volvió a, cuando se reconstruyó el teatro de Wagner y sus hijos, sus nietos reanudaron el festival que en la época de Hitler había sido un nido de nazis porque la nuera de Wagner que era inglesa, era una nazi, alojaba al Führer cuando se inauguraba el festival, entonces ahorita que estuvimos viendo la Martiria, yo tuve la fortuna de ir dos veces a Bayreuth al festival y cuando me llegó aquí el programa cuando tenía 16-17 años, decía yo cuando podré ir a… y todo más o menos se me ha ido concediendo…

-Sí con un poco de suerte y mucho trabajo ¿no, Raúl?

-Caen las cosas, van cayend.

-Sí, afortunadamente algo parecido me ha sucedido a mí, he tenido suerte…

-¿Donde trabajas?

-En el IEMS y en la UACM, pero trabajaba en la prepa 4...

-¿Dónde está esa?

-Está en Tacubaya,

-La que está por donde está el observatorio.

-Sí, como a una cuadra.

-Por ahí tengo una foto de la inauguración de la prepa, estaba López Mateos, el Dr. Chávez y yo...

-Fue hace como sesenta años, ¿no?

-Fue en 1963 cuando se inauguró

-Tienes una memoria privilegiada Raúl

-Pues ya ves que me está fallando, no me acordé del grupo teatral, pero el que primero escribió un ensayo muy elogioso sobre el volcán fue Stephen Spender , también un gran poeta a quien conocí muy brevemente en Londres, poco tiempo antes de que muriera, le conocí en la casa de Hugh Thomas, él es el historiador más respetado sobre la guerra civil española, era un hombre de izquierda cuando tenía 40 años y escribió entre muchas otras cosas una historia de la guerra civil española, sí muy de izquierda, pero pudo compaginar los puntos de vista y las fuentes de ambas partes y ahora es un hombre de extrema derecha, tiene un título de nobleza que le concedió la reina y es consejero de la corona de no sé que cosa.

-Pues qué lástima que hayamos perdido a un compañero (risas)…

-No, es un hombre abierto de opiniones… también conocí brevemente a Tito cuando vino a México con Giovanca, no se había divorciado o separado de ella, conozco muy bien a Fernando Vallejo, que creo que es un espléndido escritor pero…

-¿Oye y de políticos quien te cae mejor?

-Ninguno

-Pero de antes, tampoco ninguno te simpatiza Raúl?

-No

-Y siempre has vivido aquí Raúl?

-Sí, la primera escuela que fui se llamaba el Liceo Francés que estaba en la calle de Xalapa, luego fui al colegio México en la calle de Mérida, luego me mandaron por indisciplinado a la academia militar…

(risas)

-Pero te les escapabas, no?

-Terrible fue, una cosa muy fuerte, les parecía un bicho raro que me gustaba tanto la lectura y la música, y ahí había que ser muy macho y jugar futbol que detestaba yo…

Raúl Ortiz presenta libro