Celebram-se este ano os cem anos do nascimento de Malcolm Lowry e várias actividades comemorativas terão lugar na British Columbia University, Vancouver, Canadá; em Liverpool, Inglaterra; na Cidade do México e em Cuernavaca, Morelos.
Durante a XXX Feira Internacional do Livro do Palacio de Minería, que se realizará de 18 de Fevereiro a 1 de Março de 2009, a Fundação Malcolm Lowry exibirá o documentário de Óscar Menéndez, Malcolm Lowry en México, estando igualmente programadas conferências em que participarão Óscar Menéndez, Alberto Rebollo e Félix García.
Para nós é importante recordar os cem anos de Lowry (nascido a 28 de Julho de 1909) porque é uma maneira de lhe manifestar o nosso agradecimento e a admiração pela sua vida e obra, que, de uma forma por vezes desconcertante, extravasa as suas próprias fronteiras e consegue uma identificação absoluta. A obra de Malcolm é parte da sua vida, não apenas porque tenha a criado, mas porque também a viveu por dentro, como mais uma personagem de Debaixo do Vulcão, antes e depois de escrito e publicado o romance. E de agradecimento, porque aos olhos de Malcolm México é um lugar diferente do que na verdade é. O México que Malcolm observa é, em muitos aspectos, outro México, é um lugar onde todos os terríveis acontecimentos que se verificam constituem parte de um plano: a ascensão "incessante, na direcção da luz", numa geografia sagrada e num tempo que não é o simples devir dos homens, mas o tempo do espírito em busca de si próprio.
Debaixo do Vulcão: a vida do Cônsul, morto a tiro numa taberna de Quauhnáhuac, a tragédia do amor insatisfeito, o uso do mescal como via que leva as almas a tomar consciência de si mesmas sob o peso da culpa, Ivonne à procura de si própria na pessoa do Cônsul, o delirius tremens, os insectos e os zopilotes, a meia-luz da Cabala, o comboio, o Dr. Vigil, o gato do senhor Quincey, a solidão, o Coelho Pedro [publicado em Portugal pela editora Civilização], ou seja, tudo, absolutamente tudo o que em princípio se havia perdido de vista emerge a partir da riqueza de um mundo que nos permite pensar em
"Homens que vivem o instante
da geração
abaixados, de pé, sentados, de cócoras, estendidos, alados,
milhões de triliões de biliões de homens
lamentando-se…
e esses prantos que são
não sei se as queixas dos moribundos
ou os gemidos do amor"
(excerto do poema "Está negro o vulcão", de ML)
Para nós é importante a comemoração do centenário de Malcolm Lowry por múltiplas razões, como referiremos na conferência da XXX Feira Internacional do Livro do Palacio de Minería. Assumimos algumas diferenças conceptuais relativamente a colegas de outras partes do mundo que se ocupam também com grande paixão da obra de Malcolm Lowry, pois sustentamos que em Debaixo do Vulcão se encontra a verdadeira relação de Lowry com o México. Isto explica-se por esta monumental obra estar entrecruzada por um grande jogo de espelhos, onde se encontra também esse grande espelho fumegante da cultura pré-hispânica nas suas raízes mais profundas, acessível apenas a um leitor familiarizado com a história mexicana e com a sua filosofia fatalista, difícil a um leitor de outro país, sobretudo de língua inglesa. Esta diferença é fundamental na concepção de Debaixo do Vulcão.
Celebramos também os eventos internacionais que, neste âmbito, se levarão a cabo em Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, Portugal ou outros países. E também nós, Fundação Malcolm Lowry, o convidamos às celebrações que terão lugar no dia 28 de Julho de 2009 em Cuernavaca, Morelos, na Casona Spencer, símbolo e espaço da cultura em Morelos.
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